Você sabe o que é COE?
COE, sigla para Certificado de Operações Estruturadas, é um investimento que une características da renda fixa e da renda variável.
Há alguns anos, os COEs estavam ganhando espaço no mercado e sendo oferecido por várias corretoras.
Apesar de esse cenário ter mudado muito, é bem provável que você já tenha recebido pelo menos uma oferta, se você tem conta em corretora.
E, claro, antes de colocar seu dinheiro em qualquer produto, é necessário conhecer muito bem seus riscos e possíveis vantagens. Além disso, é preciso ter certeza de que esse tipo de investimento é indicado para o seu perfil de investidor.
Por isso, vamos mostrar para você todos os detalhes do Certificado de Operações Estruturadas.
Índice
O Certificado de Operações Estruturadas, ou COE, une elementos da renda fixa e da renda variável.
Ele é um produto financeiro que estreou no Brasil em 2014 e, inicialmente, só era ofertado a clientes de alta renda dos bancos emissores do produto.
Mas, desde 26 de fevereiro de 2016, após regulamentação da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), passou a ser permitida sua oferta pública.
Assim, ele passou a ser distribuído ao público em geral por meio de corretoras e distribuidoras de valores.
O COE é uma aplicação inspirada na chamada “nota estruturada”, muito comum nos Estados Unidos e em países da Europa.
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No Brasil, existe o COE com capital garantido e o COE com capital em risco. Veja as diferenças:
Cada COE tem seu rendimento relacionado ao desempenho futuro de um ativo financeiro ou índice, como dólar, inflação, ações.
Quem define essas condições é o banco emissor do COE.
Para cada cenário futuro do ativo relacionado ao COE, o banco emissor cria uma regra de rentabilidade diferente.
Por esse motivo, ele é um produto complexo e de características muito variadas, sendo indicado para investidores de perfil moderado a arrojado.
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Cada certificado terá um perfil de aplicação mínima, prazo de vencimento, liquidez e regras de rentabilidade, de acordo com os cenários futuros de desempenho do ativo relacionado ao COE em questão.
Para ficar mais fácil visualizar, criamos um exemplo de certificado com capital garantido baseado na variação do Ibovespa e com vencimento em um ano.
As regras de rentabilidade dadas pelo banco emissor seriam as seguintes:
Para ter ganhos significativos, o investidor desse COE deve acreditar que o Ibovespa vai valorizar no período.
Já para quem acredita que o Ibovespa pode sofrer quedas nesse período, o resultado desse COE seria somente seu dinheiro de volta.
Como há um custo de oportunidade, neste caso seria mais interessante aplicar o mesmo dinheiro em um produto de renda fixa, como o Tesouro Selic ou um CDB, que rendem perto da taxa básica de juros, hoje em 7,75% ao ano (com previsão de alta para a próxima reunião do Copom).
Neste nosso exemplo do Ibovespa, o COE será mais vantajoso apenas em um cenário intermediário onde o índice Bovespa tem uma alta moderada – entre 14% e 25%. Nesse caso, você obterá o mesmo retorno da Bolsa tendo assumido menos risco.
É fato que ninguém pode prever o futuro, mas é preciso ficar atento para não investir em um COE em que os cenários de rentabilidade não sejam vantajosos.
Imagina que você investiu R$ 100.000 no COE descrito acima.
O que há por dentro desse Certificado de Operações Estruturadas?
Para garantir o capital do investidor, o banco emissor do COE usará parte dos R$ 100.000,00 para captação própria, como se estivesse emitindo um CDB.
Se fosse um título de renda fixa que rendesse 14% ao ano, o valor presente para garantir o pagamento de R$ 100.000,00 após um ano seria de R$ 87.719,00.
Ou seja, o banco usaria R$ 87.719,00 para captação própria.
Essa é a parte de renda fixa do COE.
Na parte de renda variável, o emissor vai ao mercado de derivativos adquirir opções de compra e venda do Ibovespa na data de vencimento do COE.
Dessa maneira, o banco fica protegido, independentemente do cenário futuro.
A partir de estimativas do nosso time de pesquisa, seria necessário gastar R$ 9.970,00 em prêmios de opções para garantir todos os cenários de rentabilidade prometidos ao investidor na data de vencimento.
Dos R$ 100.000,00 recebidos do investidor, R$ 87.719,00 foram para a captação de renda fixa e R$ 9.970,00 para o mercado de derivativos.
Os R$ 2.311,00 restantes representam a remuneração da corretora que vende o COE.
Ou seja, apesar do COE não cobrar taxas de administração, esses custos já vêm embutidos.
Neste nosso exemplo, o custo seria o equivalente a 2,31% do valor investido no período.
O COE permite que o investidor eventualmente tenha acesso a um produto sofisticado, mas sem precisar estruturar a operação sozinho.
De acordo com emissores, os custos de um COE são menores do que se o investidor tentasse fazer “um COE por conta própria” (investir em renda fixa e no mercado de derivativos).
No COE com capital protegido, há um custo de oportunidade, pois se o cenário de rentabilidade não se concretizar, o investidor não terá protegido seu dinheiro da inflação, por exemplo, em uma aplicação de renda fixa.
Outro risco é o de crédito, pois se o emissor do COE quebrar, não há garantia do Fundo Garantidor de Crédito (FGC).
A liquidez também é uma desvantagem.
A data de vencimento do COE é definida no momento da emissão.
Embora, em alguns casos, exista a possibilidade de se resgatar o montante aplicado antes do prazo final, o investidor corre o risco de ter prejuízo ao revender o papel ao banco com deságio.
Quanto à tributação, o COE é tributado pela tabela regressiva, comum nos investimentos de renda fixa.
Depende.
Como o COE é um produto cujas características variam muito de emissão para emissão, os bancos podem criar tanto estruturas interessantes para o investidor, quanto estruturas com alto custo embutido e poucos cenários vantajosos o suficiente para remunerar o custo de oportunidade do investimento.
Na Magnetis, acreditamos que existem outros instrumentos mais benéficos que os COEs para conseguir resultados interessantes.
Uma carteira diversificada (em classes de ativos e em geografias diferentes), oferece uma relação retorno/risco adequada e ainda possui custo menor e eficiências tributárias possíveis.
Agora, queremos saber: você já investe em COE? O que acha deles? Deixe o seu comentário.
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2 Comments
Luciano, obrigado pelo esclarecimento.
Abs!
Luciano, obrigado pelo esclarecimento.
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